Notícias

Custódia global vs. local: estratégias para fundos brasileiros na busca pela internacionalização

O especialista Rodrigo Balassiano frisa que o interesse dos fundos brasileiros por mercados internacionais tem crescido exponencialmente. Diante desse movimento de internacionalização, uma das decisões mais importantes diz respeito à escolha entre custódia global e local. Afinal, como proteger e gerenciar ativos no exterior de forma eficiente e segura? Essa pergunta torna-se central para gestores que buscam expandir sua exposição sem comprometer a liquidez ou aumentar riscos operacionais

O que é custódia global e quais são suas vantagens para fundos brasileiros?  

A custódia global refere-se ao uso de um único agente custodiante multinacional responsável por atuar em diversos países. Esse modelo oferece simplicidade operacional, já que permite a centralização da gestão de ativos em escala internacional. Para fundos brasileiros que começam a investir no exterior, isso significa maior facilidade na reconciliação de posições, reporte de informações e controle de conformidade.

Outra vantagem importante é a possibilidade de acesso a uma rede ampla de serviços, como suporte em diferentes moedas, processamento de dividendos e direitos políticos, além de ferramentas de risco e compliance adaptadas a cada jurisdição. Rodrigo Balassiano explica que para fundos que buscam diversificação rápida e operação integrada, a custódia global pode ser uma solução estratégica, especialmente quando há pouca familiaridade com os sistemas locais dos países-alvo.

Quais são os riscos associados à custódia global?  

Apesar das vantagens, a custódia global também apresenta alguns riscos. Um dos principais é a chamada “concentração de risco”, já que a dependência de um único custodiante pode se tornar crítica em situações de falha operacional ou crise sistêmica. Em casos extremos, isso pode afetar a liquidez e a disponibilidade de ativos em jurisdições específicas. Além disso, nem sempre os custodiantes globais conseguem oferecer a mesma profundidade local que agentes especializados em um determinado país.

Rodrigo Balassiano
Rodrigo Balassiano aborda estratégias de custódia para fundos brasileiros em processo de expansão global.

Outro ponto relevante é a questão regulatória. Cada mercado possui normas distintas sobre repatriação de recursos, tributação e reporting. Um custodiante global pode não estar totalmente alinhado às particularidades locais, o que pode levar a inconsistências ou até multas. Rodrigo Balassiano expõe que, para fundos brasileiros que precisam cumprir exigências locais complexas, essa lacuna pode ser um obstáculo significativo, exigindo camadas adicionais de supervisão e controle.

Quando a custódia local é mais indicada e quais seus benefícios?  

A custódia local envolve a contratação de instituições financeiras dentro de cada país onde o fundo deseja operar. Embora mais complexa do ponto de vista operacional, essa abordagem traz benefícios relevantes, especialmente em termos de conformidade regulatória. Agentes locais têm domínio sobre as regras do mercado e podem garantir que todos os requisitos legais sejam cumpridos com precisão, reduzindo o risco de penalidades.

Ademais, a custódia local frequentemente oferece melhor liquidez em certos mercados emergentes ou menos líquidos, já que essas instituições mantêm relações estabelecidas com autoridades locais e outras partes-chave. Rodrigo Balassiano destaca que também pode haver vantagens em termos de custo, especialmente quando o fundo mantém posição relevante em um único mercado estrangeiro. Nesses casos, a descentralização pode resultar em maior eficiência operacional e menor exposição a intermediários externos.

Qual modelo adotar na internacionalização de fundos brasileiros?  

Escolher entre custódia global e local não é uma decisão simples, mas sim uma análise estratégica baseada nos objetivos, perfil de risco e grau de internacionalização do fundo. Enquanto a custódia global oferece praticidade e escalabilidade, a local garante expertise regulatória e operacional em mercados específicos. Muitos fundos acabam optando por uma abordagem mista, combinando ambas as soluções conforme a necessidade de cada jurisdição.

Independentemente da escolha, Rodrigo Balassiano ressalta que é fundamental que os gestores brasileiros contem com assessoria jurídica, compliance e operacional sólida para avaliar os trade-offs envolvidos. À medida que a internacionalização dos fundos ganha força, entender os mecanismos de custódia será um diferencial crucial para assegurar segurança, eficiência e conformidade em um cenário cada vez mais globalizado.

Autor: Sergey Semyonov

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo